A Importância do Terceiro Disco*

Na época em que eles surgiram,não curti de imediato. Eram meninas com fotos de revista coladas no caderno da escola, álbum de figurinhas, cortes de cabelo imitando Paulo Ricardo. Enfim, não me parecia uma banda de rock, como Paralamas, Barão ou Titãs. Bobagem, mais tarde percebi que por trás daquele circo todo, havia uma música de qualidade, boas letras e músicos com talento. Só me dei conta quando lançaram "Quatro Coiotes". Achei o máximo ao ver o clip no "Fantástico". Uma letra longa, sem refrões e uma batida diferente do que era até então o RPM ou qualquer outra banda dos anos 80. Então, foi o primeiro disco que comprei na vida e ouvia repetidas vezes. Ao mesmo tempo, parecia que eu estava na contramão. Fui uma das 250.000 pessoas que levaram o LP pra casa, mas muitos não entendiam mais o RPM. Afinal, não havia uma nova "Olhar 43" ou "Louras Geladas" para martelar nas cabeças durante meses. Tinha "Ponto de Fuga", "Um Caso de Amor Assim", "Sete Mares" e sua linda letra... E a capa? Nada de destacar o sex appeal de PR que havia vendido boa parte dos 2 milhões de "Radio Pirata Ao Vivo" e sim, mostrava a banda num deserto escuro e com suas jaquetas de couro. Com tudo isso, aparentemente, o grupo não dá o devido valor ao disco de 1988. Nunca mais tocaram "Quatro Coiotes" ou "O Teu Futuro Espelha Essa Grandeza" e parece não estar mais disposto a isso. Pena... * Texto escrito por Rodrigo Rabello, o primeiro participante do blog. Envie também o seu para pedrojuniortc@yahoo.com.br e participe!